Diagnóstico de Demência e Doença de Alzheimer

De Flavio Luiz Seixas
Revisão de 19h07min de 23 de agosto de 2019 por Fseixas (discussão | contribs) (Ideia)
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Problema

O envelhecimento da população mundial é um fenômeno observado nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, com impactos significativos na sociedade e na sustentabilidade econômica dos sistemas de saúde (Kulik, Ryan et al. 2014). Uma doença com alta prevalência na população idosa é a demência. Conforme o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association 2000), a demência é uma síndrome caracterizada pela deterioração de múltiplas funções cognitivas, suficientemente graves para comprometer as funções sociais e ocupacionais do indivíduo e que, ao longo da doença, pode leva-lo ao diagnóstico da Doença de Alzheimer.

A Doença de Alzheimer é considerada a forma mais comum de demência, representando mais de 50% acometidos por essa doença (Jalbert, Daiello et al. 2008). Ela compromete a integridade física, mental, e social, criando uma situação de dependência total de cuidados, cada vez mais complexos ao longo do curso da doença, quase sempre realizados no próprio domicílio e envolvendo altos custos financeiros (Luzardo, Gorini et al. 2006). Descrita inicialmente em 1907 pelo alemão Alois Alzheimer, os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer envolvem dificuldades de memória relacionadas à recuperação ou retenção de novas informações, seguindo de outras deficiências cognitivas, como a cognição espacial, reconhecimento de faces e objetos, alexia (dificuldade de leitura), funções executivas, incluindo o julgamento e solução de problemas mais complexos (Wenk 2003, Morris e Storandt 2006). Segundo o relatório da Alzheimer’s Association (2017), a Doença de Alzheimer representa a sexta causa de morte nos Estados Unidos, afetando mais de 5 milhões de americanos, ou 11% dos idosos dos Estados Unidos da América. A assistência a um paciente acometido pela Doença de Alzheimer envolve em média mais de 3 cuidadores de saúde, representando um custo para o sistema de saúde de mais de US$259 bilhões.

No Brasil, Bottino et al. (2008) analisaram uma comunidade da cidade de São Paulo, obtendo uma taxa de prevalência de demência de 6,9% dos idosos. O problema se agrava com a transição demográfica, ou envelhecimento da população. Projeções indicam que, em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, com 30 milhões de pessoas nesta faixa etária (de Carvalho e Garcia 2003). Em 2029, estima-se que o percentual de idosos ultrapassará a dos mais novos. O problema agrava porque os idosos custam muito mais do que os jovens. As estimativas variam, mas em geral, costuma-se projetar que o valor médio para tratar um idoso é mais que o dobro do que se gasta com uma criança. O Brasil já possui um sistema de saúde que consome 10% do Produto Interno Bruto (Veras, Caldas et al. 2008).

A extensão e a complexidade das doenças progressivas e degenerativas, comumente associadas ao processo de envelhecimento, exigem do médico e agente de saúde a tomada de decisões envolvendo conhecimentos que, frequentemente, não são de seu pleno domínio (Luzardo, Gorini et al. 2006). Neste contexto, sistemas de auxílio ao diagnóstico vêm sendo estudados e desenvolvidos para apoiar o médico no diagnóstico clínico do paciente (Teich, Osheroff et al. 2005, Miller 2009). Alguns levantamentos mostram uma significativa redução de erros de diagnóstico depois da implantação desses sistemas na rotina clínica (Garg, Adhikari et al. 2005, Haynes e Wilczynski 2010). Algumas organizações vinculadas ao Departamento de Serviços de Saúde dos Estados Unidos (U.S. Department of Health and Human Services) foram criadas com o objetivo de coordenar iniciativas, promover padronizações e garantir a segurança e qualidade de sistemas de informações médicas, tais como: (1) American Health Information Community, (2) Commission for Certification of Healthcare Information Technology, (3) Office of the National Coordinator for Health Information Technology e (4) Agency for Healthcare Research and Quality (Osheroff, Teich et al. 2007).

Em 2005, a Associação Americana de Informática Médica, ou AMIA (American Medical Informatics Association), propôs um plano tático para direcionar iniciativas governamentais e do setor privado no que tange ao desenvolvimento e implantação de Sistemas de Apoio à Decisão Clínico (Osheroff, Teich et al. 2007). Os principais benefícios são: (1) disponibilização do melhor conhecimento ou melhores práticas sempre que necessário, (2) utilização efetiva e disseminada da medicina baseada em evidências, e (3) melhoria continua dos métodos e conhecimento envolvidos no desenvolvimento do Sistema de Apoio à Decisão Clínico.

Ideia

Desenvolver um sistema de apoio a decisão utilizado para o diagnóstico de doenças associadas ao envelhecimento. As metas são:

  • Pesquisa proposta e validação de um modelo de representação do conhecimento médico através de uma linguagem computacional.
  • Pesquisa, proposta e testes de um modelo de interoperabilidade semântica de forma assegurar a leitura e interpretação correta de dados clínicos de sistemas de informação médica.
  • Pesquisa, análise e projeto de Interface Humano Computador, arquitetura de Engenharia de Software orientada a objetos, de um aplicativo voltado para smartphones. Dentre as principais funcionalidades, incluem o registro de novos casos clínicos de pacientes, o cadastro e controle de pacientes, a organização dos registros clínicos correspondentes, podendo ser por visitas ou consultas médicas, e a exibição da sugestão de diagnóstico, associado ao fator de certeza, resultado do mecanismo de inferência Bayesiano.
  • Pesquisa, análise e projeto de um framework de desenvolvimento de aplicativos para smartphones para o domínio clínico.

Por que esse projeto é legal?

  • Trabalhar com sistemas de informação na área de saúde com impacto social.